Sunday, February 08, 2009

"Triste é viver na solidão, na dor cruel de uma paixão"

De onde vem a tristeza? Qual será o caminho que a tristeza percorre para chegar até nós? Íngreme e doloroso? Foi enviado lá do céu como forma de punição? Foi enviado do inferno para que eles ficassem lá de baixo rindo e olhando  e apontando com pena para nós? Foi encomendada por uma segunda pessoa e enviada? E o que dizer da dor? E aquele buraco no estômago que ao mesmo tempo da vontade de chorar e fugir? A dor é um bônus que ganhamos a mais? Ou é um pacote igual ao Office? E o que dizer da solidão? Outro bônus? E ainda se tiver espaço aí na sua cabeça o que pensar ao ouvir a frase de alguém que você ama “quero pensar na minha vida”? que vida? A vida que você tinha antes de mim? A vida que você construiu comigo? A vida que você está construindo ao meu lado? A vida que esteve paralela a essa vida? A vida que ainda não foi vivida?

Fugir. Fugir é a palavra que mais vem à cabeça. Fugir para bem longe, com pessoas falando idioma diferente, com possibilidade de mudança de nome, de roupa, de tudo que for conhecido. Com poucas pessoas. Com mais natureza. Fugir sem levar mala nenhuma. Fugir com a roupa do corpo e jogar o celular no mar.  Para que ele não toque mais, para que o barulho do torpedo não nos crie expectativas. Quem sabe no fundo do mar alguma sereia queira atender? E não pensar. Pensar é proibido. Se ousar a pensar apitos de guarda de trânsito o insurdecerá. Não pense. Muita música, muitas revistas com matérias absurdas e variadas e chocolate. Muito chocolate e coca-cola também.

Fugir também para tentar fazer com que a dor pare de doer. Fugir pra debaixo do chuveiro pra que o choro desça ralo abaixo junto com a água morna que cai sobre nossa pele. E sentar no chão e chorar, quieto e tentar pensar em não pensar. E pegar uma faca imaginária e serrar o peito, o estômago para libertar a dor. E depois fingir que jogou fora e levantar e deixar que aquela mesma água que a pouco tempo atrás levou as lágrimas agora milagrosamente limpe nossa alma. A mesma água. As lágrimas. O peso. A alma. O medo. A dor. A solidão. O não saber agir. O não saber o que falar. O desejo de continuar ligando. A vontade de ver bem perto. O não entender. As mil perguntas que se resumem num simples e complexo por que? Desliga o chuveiro e deite e ligue o rádio e o ventilador e sinta frio e fique quieto na cama e não pense. E abra os braços e ouça música. Assim acatando ordens. Para depois levantar.