
O inferno astral certamente mudou com o ano que passou. Deu uma pequena trégua. Tenho certeza que ele vem foda no pré-inferno e fodinha no mês corrente ao aniversário e agora passo a crer que está vindo em parcelas ao longo dos outros meses. O mundo realmente está estranho. E as pessoas então nem sei. Posso começar a fazer um balanço desses meses em que estive ausente? Seria chato, né? "oiii gentem, eu fui à praia, eu comi sopa e também blá blá blá" Posso enumerar um monte de coisas que queria fazer e não fiz? Não, não e não!
Na verdade eu nem ia começar a escrever hoje. Por acaso, a tarde estava dando uma olhada na "Vida Simples" e um desenho do mágico de Oz feito à mão me chamou atenção e fui ver sobre o que se tratava. E eram dicas para o ano que começa. Acho perigoso isso de dicas, mas li tudinho até o final. A matéria foi dividida em 5 partes, a saber:
1. O homem de lata - tratando de saúde e o velho papo de prevenção. Um ponto positivo pra mim. Todo ano faço check up e vou ao dentista. O que não me interessa muito é esse papo de "vamos viver até 100 anos ou mais" sinceramente não queria viver tanto assim. Segundo a revista no censo do 2000 realizado pelo IBGE o Brasil possui 25 mil centenários cadastrados. Imagina viver pra ficar dando entrevista no Fantástico ou no programa do Gugu e ganhando brindes do Baú ou ainda participando de programas do governo como “idade feliz”.
2. Como pensa o espantalho? Aí começa a me interessar, pois tratam de solidão, depressão e felicidade. A importância dos relacionamentos interpessoais é de fato a grande questão a ser discutida. A matéria afirma que em um estudo realizado em 2004 na UFSCar a religião aparece como uma das principais atividades que cooperam na maior probabilidade de ser sociável. De fato, qualquer reunião onde um grupo tem um objetivo aproxima as pessoas. Ou seja, escola, curso disso ou daquilo e seja lá o que for também resultará nisso que a religião faz. É fato que na maioria das horas estamos buscando cia para compartilhar idéias e ter testemunhas sobre nossas vitórias e derrotas. Cada dia que passa dou mais valor e prioridade aos meus amigos do que a vida amorosa. Aliás, tal vida inexiste já a algum tempo. Se fizer uma pesquisa rápida entre amigos e colegas poucos estão namorando. E os que estão é naqueles esquemas dos três macacos: não vê, não fala e não enxerga. O que mais me irrita é como as pessoas se fizeram importantes e super ocupadas de uns anos pra cá. Mesmo nessa maré braba eu ainda tento me mostrar interessado e mando torpedos, recados e coisas bacanas e fico aguardando...e aguardando...e aguardando de novo...
3. Coragem de leão: propõe formas de usar melhor o dinheiro e pensar no futuro. Menos um ponto pra mim. Gasto com bobagens e sempre na hora do almoço. Esse ano passei a juntar e gastar menos, mas ainda assim não resisto ao cheiro de um livro novo. Mesmo que tal livro entre no décimo lugar na minha fila de espera para ser lido. Minha amiga vai além e visita sebos aqui e em São Paulo e compra livros esgotados que ela ama para presentear amigos. Quem vê acha que é louca por que no quarto têm 3 ou 4 edições do mesmo título. A matéria sugere que a pessoa faça uma planilha e comece a gerenciar os gastos. Imagina quanta culpa isso deve gerar em uma pessoa normal. Preciso observar mais quando for tomar café se alguém ao redor bebe com tensão e me aproximar para perguntar a quanto tempo ela anda fazendo planilhas desse tipo.
4. E aí Dorothy? Momento politicamente correto da matéria falando sobre utilização inteligente dos recursos naturais. É feio dizer isso hoje em dia mas eu canto debaixo do chuveiro e faço planos debaixo d´água. Podem me denunciar! Mas a única coisa que consigo enxergar após um dia de trabalho é a água quente do meu chuveiro me abraçando e me permitindo ser quem eu quiser (ficou brega, mas é a mais pura verdade). Tem coisa melhor que um bom banho? Acho terrível isso de tomar banho fechando e abrindo a torneira. Eu me preocupo em escovar os dentes com a torneira fechada e de jogar meu lixo no lugar correto. Mas o banho "the flash" eu confesso que não rola.
Uma vez já falei aqui sobre esse filme e certamente é um dos meus preferidos. Todo mundo queria fugir dos problemas e ir para um lugar ideal. Mas o meu ideal certamente é diferente do seu ideal. Desejo que nosso ano seja pleno seja tranqüilo e seja leve. Plenitude é bacana, tranqüilidade é necessário e leveza deixa as coisas muito melhores. E apesar de tanta diferença em ideais acho que todo mundo concorda com a questão que aparece música "além do horizonte" do Roberto Carlos: "do que vale um paraíso sem amor?”.
Desocupem-se meus amigos enquanto é tempo.
Em tempo: A matéria completa no site: http://vidasimples.abril.uol.com.br/edicoes/063/grandes_temas/conteudo_266149.shtml