Thursday, December 18, 2008

Tic Tac Tic Tac e as músicas em 2008

Tic tac tic tac não é o som relógio que fica na barriga do crocodilo de Peter Pan o tic tac tic tac ao qual me refiro é o show Sticky and Sweet da Madonna. O tic tac tic tac acontece durante quase todo o show. E você sai de lá com o barulhinho de relógio na cabeça. Tic tac tic tac...
E o show? O show é grandioso como eu esperava. O palco gigante num Maraca com luzes, telões e raios laser. Cheguei meia hora antes, sem tumulto e deu tempo de ir ao banheiro e tomar uma cervejinha. Anoiteceu e a chuva caia insistentemente. E pouco depois a loira entra sentada numa cadeira referenciando ao Willy Wonk e sua fantástica fábrica de chocolate. Madonna dança, escorrega com o palco molhado levanta e continua dançando. Algumas horas parecia playback outras ela desafinava a la Paula Toller. Mas nada disso importava. Era Madonna e ao vivo. Desconfio muito ela tenha tocado guitarra. E fez versões ótimas dos clássicos. Versões rock. Falou com público, fez musiquinha xingando a chuva que não deu trégua e não rolou bis. Faltou Like a Virgin. Cantei a maioria das músicas, dancei também e foi uma noite que eu esperava desde pequeno quando ouvia Madonna em casa.
Madonna e Michael Jackson são precursores desse negócio de show. De show grandioso com luz e figurino e um tema. Antes deles tudo era meio sem graça. Pena o Michael ter ficado totoca. Se duvidar o nariz se comporta como um vaga-lume a noite. Madonna se faz algumas vezes de totoca, mas está longe disso. Está sempre na frente dos outros. Como gostam de dizer por aí ela se reinventa o tempo todo. Já há algum tempo meu gosto musical mudou. Passei a ouvir jazz, Dave Matthews Band, rock e mais MPB (Moska, Marisa, Calcanhoto, Roberta Sá, Bethânia), mas nunca deixei Madonna e Michael de lado. O que veio de pop depois deles me irrita. Cópias mal feitas, danças tentando parecer sensual, pouca criatividade e uma geração de criloiras chatas e rebolativas. A única que não era criloira, mas chata também era a ex careca da Britney Spears que foi colocada em um mastro para tentar parecer sensual na música i´m slave for you. Ah, tem também a mudança radical da Nelly Furtado. De “i´m like a bird” salta para “promiscuos girl” e claro com um negão marrento se esfregando nela.
Esfregões a parte a música brasileira deu um tempo nas cachorras que dançavam na boquinha da garrafa, mas em compensação trouxe do norte do país uma das piores coisas que eu já vi: Kalipso e a sua cantora fanha e mal vestida. Aliás, há um movimento triste pela música de mau gosto por lá. Tudo é de mau gosto. E vamos torcer para que não chegue mais nada disso pra cá. O funk apelativo continua bombando, o sertanejo idem e parece que os pagodinhos morreram de vez. O chorinho está em alta no Rio e com projeto bacana de uma vez por mês a ida de barca até Paquetá ser com um grupo de chorinho. Ana Carolina foi uma decepção para mim esse ano. Nada criativa e show apelativo. Marisa Monte estava perfeita. Show lindo, cenário moderno. E muito mais comunicativa. Moska sempre inovando e fazendo letras bacanas. Mart´nália idem. Voz gostosa.
Nas minhas idas a São Paulo caminhando com Semensato pelo centro ouvimos uma voz parecida com da Marina, a Lima. E eis que viramos a esquina e era ela mesma tentando cantar num coreto. Sentamos e bebemos uma cerveja de frente para ela que recitava as boas músicas dos anos 80. Meses depois indo a Ofner vi da janela do carro um homenzinho calvo dando entrevista em uma bela praça no Itaim e quando vi de perto era o Dave. Ahã! O Dave da Matthews Band. Fiquei algum tempo observado e semanas depois eu via o suor escorrendo de sua testa no palco do Vivo Rio. Show fantástico. Bem humorado e com muito tesão em cantar e tocar. E cantou as clássicas e as novas e deixou a alma de quem estava ali mais leve.
O ano foi da Amy Winehouse. Totoca total. Perdida. Tola. Mas uma voz perfeita. Músicas deliciosas e cenário de show divertido. Triste as imitações com o microfone em uma mão e a garrafa de álcool na outra. Luiza Possi também gostei muito. Uns arranjos bacanas. Outra surpresa foi Simone (aquela do pingo do i em formato de estrela) e a Zélia Duncan. DVD bom de ouvir. Outra dupla muito muito boa foi Omara e Bethânia. CD e DVD lindos, capa caprichada. Muita gostosinha a versão de “Marambaia”. Não vi esse ano se o padre da dançinha dos animais lançou alguma porcaria natalina, nem Ivan Lins, nem a própria Simone. Esse ano pratiquei pouco as estantes porcaria. É uma terapia parar ali e ver as capas e depois ouvir as faixas péssimas. E ficar com a barriga doendo de tanto rir. Mas para isso é preciso estar muito bem. Um astral bombando por que se não o mau humor irá o acompanhar até que você encontre a boa estante de músicas de novo e dependendo da loja esse espaço de tempo pode ser grande. É louvável já levar um cd SOS da estante boa quando você quiser dar boas risadas na outra assim o risco de ficar de mau humor será bem menor. Ah, importante fazer isso com um amigo muito amigo ou sozinho. Só com eles você terá a liberdade de ser politicamente incorreto e meter o pau sem dó nem piedade.