Algumas horas atras fui ver “Eat, Pray and Love” e depois do longa voltei caminhando pra casa ouvindo música e pensando. Parei na praia, tirei meu tênis e caminhei na areia e quando estava perto do mar eu fiz exatamente o que a personagem da Julia Roberts faz no filme: liberta seus amores e se perdoa.
Parece facil libertar os amores. Mas vai dizer em voz alta: “eu amei fulana”, “eu fui feliz com ciclano”. E depois abrir mão disso e falar: “eu desejo luz e amor” para ela (e). Dá um aperto no coração, dá vontade de chorar e então você chora. Um choro que estava perdido em algum lugar dentro de mim. E mirei um ponto para olhar: O Cristo Redentor iluminado e Pão de açúcar escuro e respirei fundo e imaginei a cena da libertação.
Perdoar-se também não é nada fácil. A gente vive o tempo todo se sentindo culpado. É um peso diário que carregamos para loucamente se sentir melhor. Eu comecei a pensar onde começaria meu perdão. Na noite em que saí com amigos e trocamos olhares e dei meu telefone? Nas ligações pós primeiro beijo? Na decisão de não morar na mesma cidade? Eu não sei. Eu comecei perdoando o meu modo de agir. Comecei perdoando meus sonhos perfeitos distantes da realidade. Comecei perdoando minhas dívidas. E depois de tanto começo eu parei no meio do caminho e pedi proteção e leveza.
Já em casa eu tentei meditar debaixo do chuveiro. Tentei esvaziar a mente. Ouvia o barulho da água. Ouvia o barulho do chuveiro. Ouvia tanto que poderia ouvir a temperatura da água, se possivel fosse. Certamente minha mente nao foi silenciada. Eu pensava no que tinha feito alguns minutos atrás. Como seria daqui pra frente?
Na cama ouvindo um cd de Osho com sinos tibetanos eu me acalmei e desejei do fundo do meu coração esquecer. Não esquecer o que eu havia desejado. Eu queria esquecer de ligar, esquecer de mandar mensagem, esquecer de me preocupar, esquecer que um dia meu coração bateu tão forte que parecia querer sair pela boca, esquecer minhas pernas bambas, esquecer meu sorriso aberto, esquecer a minha generosidade, esquecer que li trechos dos meus livros favoritos. Esquecer era um estágio depois de deixar a pessoa ir, então hoje eu deixei ir para amanhã esquecer.