Quando era adolescente lembrava da minha avó falando que amigos cabem em uma das mãos. Achava exagero, achava que ela de repente tivera sido severa demais e por isso tal conclusão. Hoje concordo com ela. É um mistério a chegada de pessoas em nossas vidas. Juram de pé junto que é uma troca. E mesmo com experiências ruins anos depois as pessoas começam a tentar interpretar e separar as coisas boas naquela troca mal sucedida.
Será que há um alarme que nos permite que tal pessoa se aproxime de nós? E se ela se aproximou e a amizade não durou muito tempo é culpa do alarme que não apitou ou de nós mesmo que ouvimos, ignoramos e depois seguimos lamentando ou completamente vazio sem entender nada?
Uma coisa é fato: não devemos misturar os amigos. É tão contraditório um amigo não combinar com o outro e ao mesmo tempo você combinar com os dois. Chego a conclusão de por sermos múltiplos, uma de nossas personalidades assume e domina o todo quando estamos com esse ou aquele amigo e por isso que misturar não funciona pois a personalidade do amigo não será a mesma do outro amigo.
Ainda quando era adolescente lembrava do meu avô e de seu único amigo. Minha avó com duas ou três amigas. Minha mãe acho que nenhuma. Meu pai e seus amigos passageiros. Minha irmã eu acredito que duas (ela sempre brigava). Minha prima muitas e muitas “migas” e ao mesmo tempo nenhuma.
Dos tempos de cursinho pra cá ficaram na minha vida duas ótimas amigas. Eu escolhi? Elas escolheram? O destino escolheu? Sempre brinco de olhar pra minha mão no escuro e vejo os dois primeiros dedos ocupados com elas. Os outros três dedos são cargos transitórios. Não sei se daqui a um dia, um ano, dez anos serão ocupados de forma definitiva. Estou sendo duro. Na verdade acho que só um está vago.